Doutor Jakson Ramos defende descentralização das ações de combate à hanseníase no Acre

por victor.farias — publicado 25/06/2019 21h49, última modificação 25/06/2019 21h49

Em Ato Solene realizado nesta terça feira, 25, a Câmara Municipal promoveu debate sobre a doença; Ato marcou a abertura da Semana Municipal de Enfrentamento à Hanseníase

 

A Câmara Municipal de Rio Branco recebeu nesta terça feira, 25, representantes do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) durante Ato Solene que marcou o início da Semana Municipal de Enfrentamento à Hanseníase. O ato foi realizado atendendo a requerimento do vereador Doutor Jakson Ramos (PT).

 

Médico, doutor Jakson Ramos tem atuado com afinco nas questões relativas à saúde e a hanseníase não poderia ficar de fora. Por isso, na semana em que se reafirma o combate à doença e ao preconceito presente ainda nos dias atuais, o vereador abordou o tema e defendeu a descentralização das ações, dando aos municípios maior autonomia e, consequentemente, mais efetividade no trabalho desenvolvido.  

 

"O Morhan vem pautando ao longo dos últimos anos que os municípios possam estar envolvidos nesse processo de redução dos índices de novos casos de hanseníase. Os municípios do Acre precisam apresentar uma linha de cuidado e oferecer ao paciente aquilo que é de direito, pois só assim iremos diminuir o sofrimento e o preconceito com essas pessoas. Para que isso aconteça se faz necessário que o Estado do Acre, através da Sesacre, cumpra o que determinam as normas e legislações e permita o envolvimento dos municípios na busca ativa, atendimento primário e autocuidado junto às pessoas atingidas pela hanseníase no nosso município. É necessário que o estado apresente um plano de ação para descentralizar o atendimento às pessoas com hanseníase e garanta o envolvimento dos municípios no combate a essa doença", defendeu o vereador. 

 

O secretário Municipal de Saúde de Rio Branco, Oteniel Almeida, também defendeu a descentralização e destacou como a SEMSA tem atuado. “De 2013 para cá, nós tivemos redução tanto nas transmissões intradomiciliares, graças ao esforço concentrado que a gente vem fazendo no acompanhamento e nos auto-cuidados para não haver a transmissão intradomiciliar, como também o aumento no percentual de cura. Portanto, nós saímos de 2013 de um percentual de cura de aproximadamente 84% para 96% em 2018. Isso demonstra um esforço concentrado das ações da Vigilância Epidemiológica do município mesmo que ainda não tenha havido a descentralização do programa de hanseníase nos municípios. É um avanço e [a descentralização] precisa ser pactuada com o Governo do Estado e com os municípios ”, disse Almeida.

 

A técnica da área de dermatologia da Secretaria de Estado de Saúde do Acre, Franciele Gonçalves, destacou que, em 2018, o Brasil apresentou 27.434 casos novos de hanseníase, enquanto o Acre apresentou 132 casos da doença no mesmo período. “Dentro da avaliação epidemiológica, a gente observa que ainda existem casos de hanseníase no Estado do Acre. As ações que são necessárias serem fortalecidos neste momento em concordância com o secretário Oteniel é o movimento de descentralização, organização de fluxo de referência e contra-referência e organização da atenção básica para prepará-las para fazer aquilo que é necessário, que é diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidade física, autocuidado”, disse. 

 

Ela também ressaltou a necessidade de mapeamento da doença em todo o Estado. “Uma forma de fazer o controle dessa doença é mapear no estado quais são os casos novos positivos, que são os casos responsáveis pela transmissão dessa doença. Mapeando esses casos novos, é necessário fazer uma busca ativa desses casos para identificar os contatos, as pessoas que moram com eles garantindo a essas pessoas através de buscas ativas na atenção básica a segunda dose da vacina BCG como forma de prevenção e interrupção da cadeia de transmissão, garantir o exame da pele e dos nervos como forma de prevenção de incapacidades oriundas das deformidades físicas”, esclareceu Franciele. 

 

Homenagem

 

O Ato Solene marcou também a entrega de Moção de Aplauso à dona Terezinha Prudêncio da Silva, pelos serviços prestados por ela e pela entidade ao longo dos anos. Co-fundadora do Morhan ao lado do marido Bacurau (em memória), Dona Terezinha abraçou a causa no fim da década de 80  e, desde então, segue desenvolvendo ações de conscientização e apoio àqueles que foram acometidos pela doença. Para ela, o debate levantado na Câmara Municipal é de extrema importância para fortalecer ainda mais o trabalho realizado até aqui. 

 

"É com meu coração cheio de emoção que hoje estou aqui. Eu quero agradecer ao doutor Jakson que nunca esquece do Morhan e [agradecer também] a todos. Esse dia pra gente é maravilhoso. Nós queremos agradecer de coração, porque o Morhan precisa avançar e [a entidade] tem um trabalho muito árduo e precisa de todos unidos, pois estamos sonhando que um dia se acabe com a hanseníase mas, para que isso aconteça, precisamos da união de todos, porque sem a força de todos não vai. Temos que ter parceria com todos”, enfatizou Terezinha.  

 

Também marcaram presença no ato o representante do Morhan Nacional, Elson Dias, a gerente Estadual de Vigilância Epidemiológica Antonia Gerines e o coordenador da Área Técnica da Hanseníase no Município de Rio Branco Wemerson Oliveira.

 

Programação

 

Com apoio da Câmara Municipal de Rio Branco, da Secretaria Municipal de Saúde e Ministério Público Estadual, o Morhan realiza nesta quarta feira, 26, o Encontro Intersetorial sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da hanseníase. A atividade será realizada das 8h30 às 12h, na sede do MPAC localizada na Rua Marechal Deodoro, 472. 

 

O evento reunirá profissionais e usuários de serviços de saúde, ativistas e especialistas.



A Hanseníase


A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica (muito longa) causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento dos doentes, que hoje já não existe e nem é necessário, pois a doença pode ser tratada e curada.



Transmissão


A Hanseníase é transmissível através da respiração. Mas esse contágio tem algumas características especiais: A pessoa, com a doença, sem tratamento e na forma transmissível da doença e um convívio prolongado com esse indivíduo. Tão logo seja iniciado o tratamento a doença deixa de ser transmissível. É por isso que é importante diagnosticar a doença logo no início.


Ninguém que tenha a doença precisa se afastar da sociedade, nem deixar de trabalhar ou ficar perto de sua família.


A maioria da população adulta é resistente à hanseníase, mas as crianças são mais susceptíveis, geralmente adquirindo a doença quando há um paciente contaminante na família. O período de incubação varia de 2 a 7 anos e entre os fatores predisponentes estão o baixo nível sócio-econômico, a desnutrição e a superpopulação doméstica.


Devido a isso, a doença ainda tem grande incidência nos países subdesenvolvidos. Mais informações: Telehansen® 0800 - 0262001

*Assessoria com fotos de Victor Augusto Farias