Política pública no combate a violência contra as mulheres é debatida na Câmara de Vereadores

por Marcela Jansen publicado 25/04/2023 14h04, última modificação 25/04/2023 14h04

 

Atendendo a requerimento da vereadora Lene Petecão, a Câmara Municipal de Rio Branco realizou na terça-feira, 25, uma Tribuna Popular no qual debateu os impactos socioambientais na saúde da mulher negra. Na oportunidade, a Casa Legislativa recebeu a coordenadora-geral, bem como a diretora de finanças da Associação de Mulheres Negras do Acre, Almerinda Cunha e Amine Carvalho, respectivamente.

Ao destacar a importância do debate, a vereadora Lene Petecão falou sobre o fortalecimento de políticas públicas para combater a violência contra as mulheres.

“Almerinda foi muito objetiva quando citou que essa foi objetiva cultura do ódio nos atinge todos os dias. Diariamente vemos notícias de mulheres que foram assassinadas, estupradas, violentadas, mandadas embora de casa, enfim. Quando uma mu8lher se levanta e comelar a trabalhar, incomoda a um homem”, disse a vereador ao pontuar ainda que 53% da capital acreana são compostas por mulheres e que apesar dessa margem as políticas públicas ainda são insuficientes.  “Não humilhamos por políticas públicas e isso é inadmissível dada à gravidade da situação”, falou.

A coordenadora-geral da Associação de Mulheres Negras do Acre, Almerinda Cunha, destacou a união das mulheres no combate a violência de gênero.

“Mulheres negras, brancas, indígenas, mulheres com deficiência, mulheres analfabetas, mulheres sem documento, todas unidas para nos defendermos do machismo, da violência e do patriarcado. Vivemos em uma sociedade adoecida e essa cultura do ódio, da violência, esse racismo são doenças sociais que provocam morte e isso precisa ser sanado”, disse ela.

E acrescentou: “Fomos criados nessa cultura de que quem manda é o homem, e que a mulher tem que ser submissa, obediente, caseira, está errado esse pensamento. A mulher é cidadã tal qual o homem e deve ser produtiva no mercado de trabalho, nas relações familiares, sociedade. Essa humilhação traz a objetificação do corpo da mulher, então, muitas vezes os homens se sentem donos e qual ela não quer mais, matam. Eles não têm o direito de fazer isso”, pontuou.

Almerinda ressaltou a falta de fiscalização das leis. “Existem leis que garantem os direitos das mulheres e que não são cumpridas. A prefeitura, por exemplo, teria que ter uma Secretaria da Mulher, Casa de Abrigo, ou seja, políticas efetivadas e, infelizmente, não tem”. Disse mais: “essa fragilidade econômica das mulheres as faz depender e muito do companheiro. Se ela tivesse sua forma de ganhar dinheiro, seu sustento, não teria tanta dependência e quando visse que estava em zona de risco, teria condição de se defender melhor”, complementou.

A professora Amine de Carvalho endossou a fala da colega de associação. Ela ressaltou a preocupação com as gerações futuras dentro da cultura do ódio. “Me preocupa muito isso, pois, hoje, vivemos tempos ruins com a propagação dessa cultura de ódio. Infelizmente, se não fizermos nada agora a tendência é piorar. Precisamos nos levantar e acabar com esse extermínio de mulheres (...) estamos a mercê de políticas que não estão sendo realizadas no município. Enquanto representantes do povo, peço aos senhores que tenham um olhar diferenciado para as políticas publicas voltadas as mulheres”, falou.

A vereadora Elzinha Mendonça, que também é Comissão de Mulheres da Câmara de Rio Branco, pontuou sobre combater a cultura do ódio e também pediu o fortalecimento das políticas públicas voltadas a combater a violência contra as mulheres.

“Conheço a luta da Almerinda, da Amine e da vereadora Lene. Desde o meu outro mandato que venho na luta, no combate e defesa de políticas voltadas às mulheres. Mas, é como a Almerinda disse, acaba se tornando um discurso vazio quando não se materializa as ações. Não dá para ficar somente com discurso na tribuna de um parlamento, com cartilhas, mas precisamos que realmente haja políticas públicas efetivas que possam de fato combater esse mal terrível que tem exterminado as mulheres. Não podemos parar, precisamos ser incansáveis nessa luta, no combate a violência contra as mulheres”, frisou Mendonça.

Por fim o vereador Hildegard Pascoal se colocou a disposição para ampliar o debate. “Devemos respeitar os desejos das mulheres. Se é trabalhar fora, temos que aceitar. Se é cuidar dos filhos, também. Minha mãe é professora, mas decidiu cuidar do marido e filhos e hoje está realizada com sal decisão. Não podemos abaixar a cabeça para criminalidade, temos que lutar. Coloco-me a disposição dessa luta e ampliação desse debate tão importante”, finalizou.