Câmara de Rio Branco debate Carne Fraca
Por meio de requerimento de autoria do vereador Artêmio Costa (PSB), a Câmara de Rio Branco realizou na manhã desta quarta (05) uma sessão solene, destinada a falar a respeito da operação Carne Fraca e como ela impactou o mercado acreano.
Para explanar a respeito do assunto, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac), Assuero Veronez foi convidado e apresentou dados importantes a respeito do desenvolvimento da pecuária e dos produtores.
“Convidei o Assuero para falar a respeito dos impactos que a operação causou no mercado acreano, uma vez que não se dimensionou o estrago que causaram com anúncios irresponsáveis na mídia”, disse Artêmio.
Assuero falou que o impacto afetou todas as estruturas da cadeia produtiva e que precisa de uma atenção do poder publico.
“A operação foi válida para verificar uma situação, oportunizou que pudéssemos cobrar maior fiscalização e lamentamos que tenham gerado um desgaste desnecessários para toda nossa produção. Os anúncios geraram desvalorização na compra e outros países querem comprar conforme o valor que eles acham interessante. O Acre o que mais afetou foi o pequeno produtor, mesmo com o Estado exportando para outros estados. O que não nos desvalorizou mais e permitiu a competitividade, foi a qualidade da nossa carne e a ausência de aftosa na região”, declarou Veronez.
Mamed Dankar (PT) já esteve a frente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e disse que diversas são as dificuldades para ajudar a alavancar as politicas de produção, pois falta incentivos ou pautas encontram-se trancadas na esfera federal.
“Conheço a luta do produtor acreano e as politicas publicas são realizadas à medida que o parlamento federal libera recursos e auxilia nas ações. Avançamos muito com a eliminação da aftosa no Estado e muito ainda pode ser feito, desde que junto com outros poderes possamos nos unir na causa”, afirmou Dankar.
Emerson Jarude (PSL) disse que o momento pede para que o poder publico acreano reconheça que errou no modelo de florestania e passe rever a maneira de investir na produção local.
“O governo precisa assumir que errou na implantação do modelo de florestania, que nem preservação ele mesmo consegue realizar e reconhecer, e passar a enxergar com outro olhar a maneira de investir nessa cadeia produtiva e possibilitar a expansão da competitividade da venda da carne acreana”, frisou Jarude.
O líder do PT na Casa, vereador Rodrigo Forneck (PT) propôs que se debatesse o tema em uma audiência publica, pois apresentasse dados e cobra a participação de outros poderes.
“A pauta era falarmos da Carne Fraca e nos desviamos um pouco do assunto, para trabalhar melhor esse debate, proponho que a Câmara puxe as discussões e convide a população para que possa também entender o que foi colocado pelo presidente e esclarecer que o modelo adotado no estado não falhou, mas que vivemos tempos difíceis em todo o país”, destacou Rodrigo.
Agronegócios e vendas
O episodio da Carne Fraca pegou não somente o setor de carne de surpresa, mas de todo o agronegócio brasileiro que tem sustentado o país nos últimos anos, capacidade de tecnologia e crescendo diferente dos demais setores deficitários.
A grande representatividade de exportação do Brasil se deve a exportação e comercialização internacional. Carnes de origem suína, bovina e frango representam 7%, um faturamento de mais de U$13 milhões. No Acre a pecuária iniciou-se na década de 70 por conta dos fatores favoráveis a implantação. O Estado enfrenta dificuldades na questão de logística, onde o frete acaba saindo por um valor diferenciado se comparado aos demais estados produtores, gerando uma competitividade diferente da produção do sul, embora a carne acreana seja de uma produção totalmente pura devido o gado local ser criado em pasto, uma vez que não existe a produção de grãos.
Produtores sentem dificuldades nos períodos de seca, que precisam importar a ração, que acaba dando um sabor diferente do original, alterando mesmo até a produção da bacia leiteira.
No Acre a mídia negativa e até exagerada a respeito de denuncias acabou afetando a todos, desde o pequeno produtor que agora passa a vender com menor oferta e valor. Um boi saia por R$850 hoje sai a R$600, onde a venda saia em media a 10 por mês, caiu para menos da metade, embora continuem exportando.
Mesmo com as relações reabertas com outros países, o produtor enfrenta a barganha inferior dos exportadores, pois acabam negociando e pagando o valor que lhes é conveniente e não valorizando uma produção boa, de qualidade e com certificação de isenção de qualquer doença.
A Federação de Agricultura e Pecuária tem lutado para oferecer produtos de qualidades e realizar negociações que continuem fortalecendo o setor, sem se deixar abater com as restrições e “choro” dos compradores. Fato esse que é um dos setores que movimenta todo o Estado nas duas regiões, no Baixo Acre e no Alto Acre com as feiras agropecuárias.
Victor Augusto / Ascom - CMRB