Vereadores recebem mães de jovens com que ficaram com sequelas após vacina HPV

por victor.farias — publicado 21/03/2019 17h34, última modificação 21/03/2019 17h34

Os vereadores de Rio Branco receberam na manhã de quinta-feira, 21, a pedido vice-presidente da Casa Legislativa, vereadora Lene Petecão (PSD), um grupo de mães cujas filhas, após serem vacinados contra o Papiloma Vírus Humano (HPV), passaram a apresentar convulsões e outros problemas de saúde.

Na ocasião, o grupo relatou aos parlamentares que a situação das meninas se agrava a cada dia e que até o momento ainda não existem nenhum diagnóstico, o que impossibilita o tratamento correto.

“O que nossos filhos estão passando é muito injusto. Levei minha filha para vacinar e prometi a ela que seria um ato para protegê-la, mas agora minha filha está doente em cima de uma cama. A saúde dela tem se agravado. Vivemos com medo de perder nossos filhos. Será que o poder público ainda não conseguiu mensurar a nossa dor, nosso desespero”, questionou Leila Grarciene, mãe de uma das meninas que apresentou reações à vacina.

De acordo com outra mãe, as meninas estariam sendo impedidas de se matricular nas escolas devido o estado de saúde. “Já não bastasse estarem debilitadas física e emocionalmente, nossas filhas agora estão sendo impedidas de estudar. As escolas não querem mais aceitá-las devido às convulsões. E se pedimos auxílio, dizem que temos que recorrer a Justiça, pois, não podem nos ajudar. É desesperadora toda essa situação”, falou Bruna Alita, mãe de Sabrina, que também passou a ter reações após tomar a vacina.

As mães argumentam ainda que muitos médicos não acreditam nos relatos delas e que devido isso estão encontrando dificuldade em solucionar a questão. “Os médicos nãos acreditam em nós. Já fui chamada até de louca. A falta de respeito conosco ocorre a toda hora. Recorremos ao Estado, mas nada foi feito de concreto até agora. Muito pelo contrário. Continuamos sem poder fazer exames e com grande dificuldade em adquirir os remédios devido à falta na rede pública”, disse Leila.

O grupo criticou ainda o diagnóstico dado pelo Ministério da Saúde quanto aos casos. “Eles falam que trata-se de um caso de histeria coletiva. Chegaram a essa conclusão sem nem ao menos realizar qualquer tipo de exames em nossas filhas. A impressão que se tem é que estão tentando acobertar o erro de alguém, enquanto isso nossas filhas padecem em cima de uma cama, perdendo a juventude”, disse Bruna.

Ao se solidarizar com as famílias presentes, o presidente da Câmara de Rio Branco, vereador Antonio Moraes (PT) declarou que o Poder Legislativo daria suporte na construção de um novo diálogo entre o grupo de pais, Executivo Municipal e Estadual.

“Sugiro a criação de uma comissão, a ser formada por pais e vereadores, para dar início a uma nova tratativa entre governo e prefeitura. Precisamos avançar nesse debate. É mais do que justo que as famílias tenham respostas sobre o que de fato aconteceu. Se foi a vacina que acarretou os problemas de saúde nos filhos, que os culpados sejam responsabilizados. Se não fio a vacina, que seja dada a resposta adequada”, disse Moraes.

Atendendo ainda as sugestões dos vereadores Rodrigo Forneck (PT), Jakson ramos (PT), N. Lima (PSL), Artêmio Costa (PSB) e Eduardo Farias (PCdoB), a comissão debaterá a criação de uma associação para dar encaminhamento às demandas das vítimas. “Através dessa associação cada familiar poderá pleitear na Justiça uma resposta para o que está acontecendo com suas filhas”, disse o Forneck.

Jakson Ramos, por sua vez, ressaltou que após criada a associação no Acre, o próximo passo será contato com as demais associações do país que tratam sobre a mesma questões. “Esse não é um fato isolado no Acre. As denúncias de jovens com sequelas após tomar a vacina ocorrem por todo o país. P ideal seria que ocorresse um link de todas as associações, colhendo informações de todos os casos no país. é um assunto que deve ser tratado via governo federal”, falou.

Artêmio Costa, Eduardo Farias e N. Lima pontuaram que de imediato fosse realizada uma reunião com o governador Gladson Cameli (PP) e a prefeita Socorro Neri (PSB) a fim de solucionar a questão dos exames e recebimento de remédios pelas vítimas.

“O que precisamos é que, com urgência, seja feita um cadastro de todas as meninas que estão passando por situação e que elas possam ter prioridade no atendimento nas unidades de saúde, bem como na distribuição dos remédios. Outro ponto a ser debatido é que das escolas. Acredito que uma conversa com o secretário de Educação possa resolver.

Por fim, a vereadora Lene Petecão (PSD) pontuou que esteve em Brasília nessa semana conversando com a senadora Mailza Gomes sobre os casos registrados no Acre.

“A senadora se comprometeu em fazer um levantamento a nível nacional e, posteriormente, realizar uma audiência pública em Brasília, com a presença de representantes do Ministério da Saúde, Ministério Público Federal. Vamos apertar o cerco agora. Queremos uma resposta para o que está acontecendo e vamos até o fim para obtê-la”, finalizou.

Robson Carvalho Bezerra
Robson Carvalho Bezerra disse:
09/02/2022 23h38
Não podemos ser ingênuo... responsabilidade e prudência devem estar dentro de cada um de nós.
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