Em audiência pública, vereadores debatem sobre violência contra a mulher

por victor.farias — publicado 25/03/2019 17h11, última modificação 25/03/2019 17h11

Atendendo ao requerimento da vereadora Lene Petecão (PSD), a Câmara de Rio Branco realizou na segunda-feira, 25, uma audiência pública onde debateu sobre a violência contra a mulher. Na oportunidade, ocorreu também o lançamento do projeto Lenço Amigo, com o tema “Violência Contra a Mulher Tem Que Meter a Colher”.

Além dos vereadores, estiveram também presentes no encontro a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Núbia Fernanda de Musis, representando a prefeita Socorro Neri, Dra. Isnailda Godinho, representando a primeira-dama do Estado, Dra. Thaís Oliveira, representando a Defensoria Pública do Estado do Acre, promotora Dulce Helena de Freitas, representando o Ministério Público do Estado do Acre, dentre outros.

Ao dar início a sessão a autora do requerimento pontuou sobre a importância do debate.  “Todos os dias presenciamos muitas mulheres sendo vítimas de algum tipo de violência doméstica e familiar. É um assunto delicado e que precisa ser amplamente debatido, atingindo todos os setores da sociedade. Somente assim conseguiremos reduzir esses números que hoje são tão alarmantes. A Câmara Municipal e o meu mandato Estão a disposição desse debate. Aqui reafirmo meu compromisso em combater esse ciclo de violência”, disse Lene Petecão.

A vereadora destacou ainda sobre a necessidade da participação do governo federal no debate. “Em âmbito municipal e estadual o tema tem sido amplamente debatido, porém, precisamos de uma maior participação do governo federal. Em determinadas ações precisamos de mais investimentos e é aí que entra a estrutura em Brasília. Chega de debater sobre a violência contra a mulher apenas no mês de março. Vamos fazê-lo o ano inteiro e com a participação das três esferas: municipal, estadual e federal”, falou.

A promotora Dulce Helena, ao dispor da palavra, lembrou que o Acre é um dos estados que mais registra violência contra a mulher. “Nos primeiros dias de 2019, tivemos mais de 300 inquéritos registrando ocorrências referentes a violência doméstica e familiar. Isso é alarmante. Precisamos, sim, ampliar esse debate. Não é um ciclo fácil de ser quebrando, portanto, todo engajamento é de fundamental importância. Parabenizo a Câmara Municipal pelo envolvimento no tema”, falou.

A Dra. Isnailda, por sua vez, frisou que o governo do Estado tem colocado na ordem do dia o tema em questão. “O governador Gladson Cameli já colocou como prioridade esse tema. O objetivo das ações até aqui elaborados tem como objetivo conter os índices de violência doméstica e familiar, e que muitas vezes se transformam em feminicídio. É fato que já tivemos alguns avanços nesse debate, porém, ainda há muito ainda a ser feito. Não é um ciclo fácil de ser quebrado. Só quem é vítima sabe como é difícil sair dele. Portanto, temos que nos levantar em favor dessa pauta. E afirmo: em briga de marido e mulher o Estado deve, sim, meter a colher. Nesse sentido, convido a todos a iniciar uma grande corrente e propagar essa ideia. Temos o poder de salvar vidas, então, façamos”.

A secretária Núbia Fernanda pontua que o desafio do momento é envolver o sexo masculino no debate. “O que percebo é que continuamos debatendo esse assunto entre nós, mulheres. Precisamos trazer o sexo masculino para esse debate. A violência perpassa o âmbito feminino, ele atinge toda a família. Para quebrar esse ciclo de violência é preciso do apoio familiar, institucional, enfim, toda a sociedade. Precisamos avançar”.

O que disseream os vereadores:

Elzinha Mendonça (PDT)

“A violência contra a mulher chegou em um nível tão alarmante que chegamos ao ponto de ter que debater isso em uma audiência pública. Isso é lamentável. Nós, mulheres, sofremos violência em muitos aspectos. São tantas coisas absurdas que acontecem diariamente. Precisamos buscar meios para combater esse mal terrível. É um ciclo difícil, mas não impossível de ser quebrado. Sou um exemplo disso, portanto, o recado que deixo para as mulheres que vivem essa situação é que não desistam. Se desvencilhar é complicado, causa dor na alma, mas ao final tudo fica bem”.

Rodrigo Forneck (PT)

“Quando o assunto é a mulher e a violência que sofrem, a sociedade precisa dar mão. Não é um assunto de apenas determinado segmento, mas diz respeito a todos. É um assunto apartidário. Diante de tudo que foi abordado nessa audiência pública, vejo a necessidade de se buscar um fortalecimento das ações em favor das mulheres. A grande questão é: como fazer para fortalecer essa rede de proteção? Quais as necessidades dos órgãos que trabalham diretamente com esse assunto? Como trabalhamos a prevenção? Precisamos identificar onde estamos falhando afim de buscarmos os resultados desejados. Me somo a essa luta. Contem comigo para avançarmos no debate”.

N. Lima

“Eu aprendi sobre respeito dentro de casa, com meu pai e minha mãe. Nesse sentido, defendo que esse assunto deva ser iniciado dentro de casa, educando nossos filhos sobre a importância de respeitar a mulher, bem como combater qualquer tipo de violência. O assunto deve ser tratado dentro das escolas também. É uma cultura que deve ser quebrada. O Estado precisa fazer também a parte dele. Não adianta incentivar a mulher a denunciar se negligencia posteriormente. É fato que muitas mulheres acabam sendo mortas pelo simples fato de denunciar a violência sofrida pelo companheiro. O trabalho precisa ser coeso. Precisamos ampliar o debate, precisamos ampliar as campanhas. A sociedade precisa se envolver mais”.